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  • Foto do escritorSilvia [Adorno]. Bibliotecária. Literatura adorna a vida.

A notícia é verdadeira ou falsa?

Atualizado: 19 de jan. de 2021


Será que compartilhar notícias é tão simples quanto distribuir receita de bolo?


Imagina só, outro dia recebi, por whatsApp, a imagem de um bolo e a sua receita. A imagem era linda e parecia fácil de fazer.


Com água na boca, decidi que tinha que comer aquele doce. Porém, depois de separar os ingredientes, comecei a ler o "modo de fazer" e percebi que não citava alguns dos itens e, ainda pior, orientava a manipulação de outros que não estavam na lista. Notei também, que alguns itens relacionados eram para pratos salgados, estavam fora de contexto.


Resolvi perguntar a pessoa que me enviou se ela tinha a receita certa e ela me respondeu que não. Questionei ainda: Quem criou a receita? Quem é o autor? De onde você tirou? Qual era a fonte: página, site, livro? E ela disse: "não sei... só repassei."


Essa narrativa não descreve nenhum problema sério, pois, se a incoerência entre os ingredientes e o modo de fazer não fossem notados, o máximo que poderia acontecer era eu fazer um bolo de sabor horrível, que ninguém comeria porém, essa história serve como um alerta: misturar produtos, comestíveis ou de outra natureza, sem o conhecimento e a responsabilidade técnica necessários é perigoso. Quem recomenda que se faça, e, também, quem repassa a outros uma receita de bolo errada está agindo com irresponsabilidade, ou ignorância. Da mesma forma encaminhar notícias falsas, as fake news, causa confusão e desinforma podendo prejudicar pessoas e ou instituições.



Atualmente a comunicação se tornou mais fácil entre as pessoas comparada ao século passado, quando não existia tantas possibilidades de interação pessoal à distância.

Hoje os aplicativos de mensagens instantâneas e as redes sociais são conhecidas por grande parte das pessoas e por elas acessadas diariamente. Essa facilidade é benéfica quando tratamos a informação com a mesma seriedade, responsabilidade e atenção com que fazemos uma receita de bolo e a repassamos a outras pessoas. É necessário ter prudência.


O mesmo cuidado que dispensamos para escolher nossos alimentos na hora de comprar e consumir - preocupação com fabricantes, origem, data de validade - devemos ter ao distribuir e compartilhar notícias. Atentar para critérios como: fonte, autoria, data e contexto é o básico que se deve ter em mente ao repassar uma informação. Um outro ponto importante é o conteúdo, o assunto, que se deseja comunicar a outros. Neste ponto o que vale mais é estabelecer uma lógica de raciocínio. Significa ler e pensar no que se lê. Analisar, estudar e verificar se faz sentido o que se está lendo. Fazendo um link com a receita de bolo seria perceber que, se é de um bolo doce, não cabe nos ingredientes algo salgado.


Antes de compartilhar uma informação alguns pontos importantes precisam ser levados em consideração:


  • Qual o objetivo do compartilhamento?

  • Com relação a fonte - a informação recebida é de alguém em quem se confia? Tem como ser verificada: está na página de um livro, um site, uma revista ou jornal?

  • Quem está nos passando é o autor da informação ou está apenas repassando “encaminhando” e, neste caso, o responsável (pessoa ou instituição) é mencionado?

  • A mensagem tem data? Se não, será que não está ultrapassada ou fora de contexto?

  • Contexto - a mensagem faz sentido? Está de acordo com o assunto e período que trata? Uma informação, tirada de sua circunstância original, causa confusão podendo prejudicar a sequência de ideias ou modificando sentido de situações.


Compartilhar notícias ou receitas de bolo é uma ação simples, basta passar adiante. Porém, em relação às receitas, nos preocupamos em passar o que há de melhor a nossos amigos, colegas e parentes.

Por que não nos preocupamos, também, com a qualidade das informações que enviamos? Com as consequências que poderão causar no nosso meio social?


Trazendo a afirmação do Pequeno Príncipe para a atualidade teríamos: “tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas [compartilhas]”





 

SAINT-EXUPÉRY, Antoine de. O pequeno príncipe. Rio de Janeiro, Editora Agir, 1986. Aquarelas do autor. 30ª edição. Tradução por Dom Marcos Barbosa.  95 páginas.

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